O tempo, desencadeador das transformações...
E o que são as transformações? Para o filósofo são fenômenos que todos experimentaram no curso da vida e que freqüentemente passam desapercebidos, ou então, não lhes são dadas a importância devida. Sabe-se que tais fenômenos quando vivenciados e assimilados, são os responsáveis pelas mudanças em nosso ser: o amadurecer, o aceitar, o conhecimento.
As transformações acontecem, e muitas vezes não dependem das nossas intenções ou vontades, e sim, do simples ato de viver e participar dos acontecimentos no dia a dia. No entanto, quando buscamos as transformações por meio da força de vontade em trabalhar nosso interior, iniciamos uma longa caminhada. Negar as transformações seria permanecer inerte à vida. "Só a inércia é imutável. Ela permanece cega a necessidade e a fecundidade que é viver as oposições. A inércia é a morte.” René Huygle.
Ser dogmático é ser inerte.
Sydney Tremayne diz: “Ninguém concorda com as opiniões do próximo, concordamos apenas com nossas próprias opiniões expressas por outra pessoa”. Eis uma exemplificação de dogma.
“Quem passou pela vida em brancas nuvens, e em plácido repouso adormeceu, quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, só passou pela vida, não viveu.” Francisco Otaviano
A vontade nos parece muito complexa: - de uma parte, uma manifestação explícita de nossa consciência no sentido de agir; - de outra parte, percebemos que ela é de fato influenciada por muitos impulsos interiores, que na maioria das vezes não são traduzidos por palavras.
Ampliar o nível de consciência e aprender a interpretar os impulsos interiores desencadeia-se naturalmente o fortalecimento da Força de Vontade. Estes impulsos inconscientes, muitas vezes, foram inseridos pelo modelo atual da sociedade que impõe o imediatismo e o consumo voraz.
“ Quem mais demora a prometer é mais fiel no cumprir”. Rousseau
Estamos presenciando um processo de transformação nunca antes vivenciado por outra civilização. Ao comprar uma fruta num supermercado, não damos conta que uma semente foi plantada, uma arvore cresceu, floresceu, frutificou-se e, só então, tornou-se disponível a tempo de ser consumida.
“Frente ao bloco de pedra bruta, não se prenda à idéia do peso. Lembra-te da estátua primorosa que poderá sair dele”. André Luís.
O Ser Humano está exigente quanto ao receber e displicente ao oferecer. Não é dado tempo ao tempo. E como estamos aproveitando nosso tempo? Segundo o ditado, são consideradas “coisas que nunca voltam atrás:
- o tempo, depois de passado,
- a ocasião, depois de perdida,
- a pedra, depois de solta,
- a palavra, depois de proferida.”
A busca pela satisfação rápida dos desejos imediatos afasta o homem do caminho para o equilíbrio. Para Plutarco, “O importante não é progredir depressa, e sim não cessar de ir sempre adiante”.
Sobre o tempo, valho-me do “Poema dos Sete Dias” de Washington Olivetto, adaptado a ocasião:
“Para um preso, menos 7 dias. Para um doente, mais 7 dias. Para os felizes, 7 motivos. Para os tristes, 7 remédios. Para os ricos, 7 jantares. Para os pobres, 7 fomes. Para a esperança, 7 novas manhãs. Para a insônia, 7 longas noites. Para os sozinhos, 7 chances. Para os ausentes, 7 culpas. Para o pessimista, 7 riscos. Para o otimista, 7 oportunidades. Para a Terra, 7 voltas. Para o pescador, 7 partidas. Para cumprir o prazo, pouco. Para criar o mundo, o suficiente. Para uma gripe, a cura. Para uma rosa, a morte. Para a história, nada. Para iniciar um projeto ou uma idéia, tempo suficiente.
Pequenas oportunidades podem ser o começo de grandes empreendimentos. Demóstenes.
O sucesso, na maioria das vezes é produto de muito trabalho, de muito sofrimento e de muito sacrifícios anteriores.
“O botão que desabrocha esplendoroso na primavera, formou-se no inverno, com muita dificuldade”.
Para não ultrapassar o tempo, finalizo com este pequeno poema de Gibran Khalil Gibran (1920): “Hoje, não podeis ver nem ouvir, e é melhor assim. Mas, um dia, o véu que cobre vossos olhos será retirado pelas mãos que o teceram. E a argila que obstrui vossos ouvidos será rompida pelos dedos que a amassaram. Então vereis, Então ouvireis, E não deplorareis ter conhecido a cegueira e a surdez,
Pois naquele dia, compreendereis a finalidade oculta de todas as coisas,
E abençoareis as trevas como abençoais a LUZ.”
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