Uma questão a ser abordada:
- Como é a comunicação com seu dentista?
De uma maneira geral, as explicações fornecidas pelos dentistas aos pacientes se processam em termos muito técnicos, pois é costume expressar-se como odontólogos. São peritos na composição dos materiais e nos detalhes técnicos, tais como evolução das doenças e condutas para os tratamentos.
Expressar estas informações aos pacientes é muito apropriado. Eles deveriam estar atentos aos aspectos técnicos que envolvem o tratamento, porém, para se fazer entendido é essencial estabelecer uma mesma linguagem. A complexidade dos termos técnicos induz o paciente a aceitar um tratamento com base na confiança e na indicação.
Um bom profissional da odontologia, devidamente formado e capacitado, respeita seus pacientes, reconhecendo-os como Seres Humanos e não só como um amontoado de dentes.
Em uma primeira consulta, este profissional deveria descobrir a razão ou as razões que levaram o paciente ao seu consultório, como também captar possíveis preocupações que envolvem o tratamento dental.
- Este paciente tem medo de dentista?
- Este paciente já foi submetido a procedimentos odontológicos traumáticos?
- Foi atendido por quantos profissionais no decorrer dos anos?
- Qual o grau de compreensão deste paciente?
- Ele sabe que a cárie pode ser evitada?
Cada paciente trás uma série de fatores que vão influenciar no seu desejo quanto ao tratamento odontológico a ser realizado.
Um determinado paciente pode estar buscando um sorriso bonito, outro necessite mastigar melhor ou com mais conforto; ou ainda um outro pode estar interessado em prevenção – evitar cáries ou a perda dos dentes pelas doenças gengivais. Têm pacientes que se preocupam apenas com os custos, outros com o tempo envolvido no tratamento, e ainda outros com a possibilidade de sentir dor.
Descobrir estas motivações e preocupações dos pacientes se faz necessário para traçar o plano de tratamento, associando expectativas pessoais e disponibilidade financeira com as necessidades reais para restabelecer e manter a saúde bucal.
De uma maneira geral, as pessoas acreditam que os dentistas são tecnicamente competentes por terem cursado uma Faculdade. Elas não tem capacidade técnica para julgar tal competência, e ao iniciar um tratamento, estão embasadas na confiança.
Restabelecer e manter a SAÚDE do paciente, respondendo à altura a confiança depositada e a expectativa quanto ao tratamento, é uma obrigação do profissional, que terá como maior recompensa, a satisfação daquele Ser Humano, e não apenas seus justos honorários.
Para isso, o paciente também tem um importante papel ao expressar suas dúvidas e suas opiniões no decorrer de um tratamento odontológico. A odontologia mais voltada para o Ser Humano está resgatando princípios da medicina “de antigamente”, onde o indivíduo conversava com o médico da família, relatando suas sensações e sintomas frente a um problema. Tanto o paciente como o médico se faziam entender, com benefícios para ambos no sucesso do tratamento.
Infelizmente, a área médica e odontológica vem pagando um alto preço por não estabelecer relações pacientes/profissionais confiantes.
O valor pago pelas empresas de convênio para uma consulta é baixo, consequentemente, o médico passa um tempo cada vez menor com o paciente. Hoje em dia o médico apenas examina superficialmente, ou vale-se de exames laboratoriais, visto que tal profissional tem freqüentemente um grande número de pacientes para atender.
A odontologia está rumando para o mesmo caminho, por meio dos convênios odontológicos, que por um lado beneficiou uma classe de pacientes que não tinham acesso ao tratamento odontológico, mas por outro, impede-se o exercício de uma odontologia mais “humana”, baseado nas necessidades e tempo de cada indivíduo.
Nós estamos fazendo a nossa parte para a difusão de uma odontologia mais humana e voltada para a prevenção.
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